segunda-feira, 22 de junho de 2015

Aos 23.

Escolho as músicas mais bacanas, algumas como Calvin Harris e começo a escrever algo que não tem nada a ver com a melodia. A batida pra estourar meus tímpanos tem um motivo simples que posso descrever como: 23 anos.


Quando eu tinha 23 não entendia o que eu tinha pela frente. Engravidei e como qualquer pessoa normal achei que seria uma mudança ruim, ia perder muitas coisas pelas quais tinha imenso prazer em possuir, inclusive pessoas. Não digo que isso foi mentira, de fato perdi muitas pessoas quando me tornei mãe, pessoas que não acham que devem ter uma mãe como amiga ou que isso é um erro. O erro mesmo foi não ter aproveitado os 9 meses.
Aos 24 eu tinha uma linda princesa, cada dia uma novidade, andar, falar, fazer bagunças inimagináveis. Além das toneladas de dinheiro jogados fora apenas pelos brinquedos legais, roupas e sapatos. Mas por eles nunca é demais, nunca é desperdício.

Aos 25 eu já tinha uma vida sólida, decidida, uma mocinha indo pra escola e uma casa cheia de animais. Comecei a entender o que acontecia e ser grata por cada prato de comida, por cada centavo que estava no meu bolso escondido, ser grata pela água tratada e pela segurança de morar em um condomínio fechado quando muitos moram em meio aos tiroteios, escondendo seus filhos e orando por poder sobreviver mais um dia.

E então aos 26 eu perdi.
Perdi alguém que eu tinha como irmão, como meu amigo. Colecionávamos memórias e compartilhávamos gosto, eu era sua irmã mais velha, que falava coisas boas e sempre o defendia. Mas ele se foi justo nos 23 anos, quando eu comecei a viver.

23 era pra ser seu ano, planejar uma família, ter seus filhos e passar pelos mesmos momentos que eu, mas isso ele não pode mais ter...


Eu sinto muito Fábio, eu não entendi até agora porque sua hora chegou assim, tão rápido, tão sem aviso.... mas onde estiver quero que entenda que eu ainda  sou sua irmã de sangue, que te xingava e falava coisas rudes apenas por ter 3 anos a mais e que minutos depois estávamos rindo das mesmas bobagens. Eu te amo e um dia eu vou te ver de novo e te contar como senti sua falta.


Não é um Adeus, é um até logo ;)

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