quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Visão.

A respiração difícil me fazia apertar o peito com as mãos.
A tensão era esperada.
Minhas pernas bambas e minhas mãos trêmulas. As lágrimas tornavam a minha visão embaçada, mas eu não queria deixa-las cair, eu queria segura-las... Tentei, tirando força do fundo da alma, tentei conter aquele sentimento tão doloroso.
Meus joelhos se dobraram contra minha vontade, e por motivação irracional tentei apoiar as mãos no chão, retardando a queda prevista. Era tudo tão lento, os sons se foram e eu só conseguia escutar meu sangue pulsando, tão alto, tão forte. O chão era meu limite óbvio, mas parecia que minha alma continuava a cair.

Por um longo momento fiquei encarando o chão, esperando acordar. Voltar a sentir.

Quando levantei a cabeça, olhando o que havia ao redor todos os sons voltaram, tudo tão ensurdecedor.
Foi quando eu vi.


O sangue espalhado no chão, fazendo um caminho no asfalto quente, não consegui continuar a origem daquilo. Era demais. Era muito doloroso. Era ele, tinha certeza apenas por olhar de relance, seus cabelos caídos, imóveis... seus olhos abertos, opacos.

Ofegando sem necessidade, cedi.

Apaguei.

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