quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Como me apaixonei por você parte 2(continuação do Principe)

Voltei para casa desnorteado. Nunca esperava que uma mera camponesa conseguisse provocar tais sentimentos em um nobre príncipe. Naquela noite, o luar me fez companhia enquanto revirava em meus lençóis de seda.

Desde garoto sempre havia aproveitado muito a minha vida de descendente real. Havia estudado heráldica, diplomacia, justa, táticas e estratégias de guerra, e como manter meu povo satisfeito e seguro, para que pudesse trabalhar para mim. Sempre me diverti e utilizei todo o meu poder. No entanto, pela primeira vez sentia que algo estava além do meu controle. Algo que conseguia me manter acordado durante a noite.

No outro dia, conversei com meu pai. Expliquei que havia a necessidade de interrogar uma camponesa que não sabia o nome, mas ouvira dizer que era Valentine. Meu pai, já acostumado com minhas aventuras com mocinhas da vila, não estranho o pedido, e apenas me recomendou moderação. Porém, qual o efeito da palavra moderação sobre um jovem coração pulsante de amor e de paixão?

Concordei com meu velho pai, e chamei alguns de seus cavaleiros mais fiéis. Ordenei a busca pela jovem, que iria acompanhar de perto. Dei a descrição, para caso o nome fosse falso. Já ciente dos estratagemas comuns de guerra, sabia que podia ter sido vítima de uma mentira.

Todos partiram para se preparar para a jornada do dia seguinte. Sempre há a necessidade de um argumento bom para sair atrás de pessoas simples pela vila sem causar grandes alvoroços, e fui maquinar minhas razões. Ela havia sido vista por mim ferindo um carneiro de um outro camponês, e eu como o príncipe cuidadoso que sempre fui com meus súditos não iria deixar tal situação passar impune. Porém, do alto de toda minha magnanimidade iria oferecer-lhe a chance de um julgamento para que defendesse suas razões. Estava forjada minha desculpa.

No outro dia cedo nos reunimos no pátio do castelo e partimos em nossa jornada. Adentramos a cidade triunfantes do alto de nossos corcéis brancos. Inicialmente, ordenei não baterem nas casas, apenas perguntar aos transeuntes e trabalhadores que já estivessem a postos. Distribui moedas de ouro para as pessoas que me auxiliaram. Porém, após a manhã toda, a busca havia sido infrutífera. Almoçamos em uma taverna mesmo pois não havia tempo para retornar ao castelo.

Durante a tarde, ouvi rumores de que Valentine havia sido localizada. Bati em disparada para o local, porém ao chegar lá se tratava de outra jovem. Durante a tarde, mudei as ordens - faríamos pente fino em todas as casas. Procuramos durante horas, de maneira constante e dedicada. Porém, como se zombasse de nossos esforços, não consegui encontrá-la.

À noite, ao retornar para o castelo, percebi a hipnótica lua cheia, e me perguntei se a moça não seria apenas uma ilusão, produto de algum feiticeiro que buscava o mal para o descendente do trono. Após a janta, decidi sair para espairecer o espírito.

Qual não foi minha surpresa ao avistar de longe, enquanto cavalgava em nossos campos desertos, uma jovem dama de vestido branco esvoaçante. Era ela? Me recusava a acreditar. Apertei os esporos, e o cavalo saiu como um raio em sua direção. Ao me avistar, ela saiu correndo em retirada. Porém, por mais que tentasse correr, suas lindas pernas não eram páreo para os anos de treinamento de minha montaria. Aproveitei meus conhecimentos adquiridos em uma invasão mongol, e cavalgava sem as mãos. Quando estava passando próximo dela, segurei-a pela cintura e posicionei-a na garupa de meu cavalo. Tinha certeza que ela não ousaria qualquer coisa, devido à alucinada velocidade que estávamos.

Durante a cavalgada, percebia que ela tentava falar algo, porém o receio e o susto haviam lhe deixado ofegante. Cavalguei por mais alguns minutos, até alcançar uma clareira de relva macia ao lado de uma nascente.

Ao chegar no local, desci de meu cavalo e ofereci a mão para que ela descesse. Assim que desceu, deu-me um sonoro tapa no rosto:
-Meu príncipe, havias prometido nunca mais me procurar! És um príncipe desonrado, não és homem o suficiente para manter sua palavra?
-Bela dama, prometi manter-me afastado de Valentine, não de ti. Como creio que já saibas, no amor e na guerra, palavras são pouco confiáveis, e promessas se quebram como louças de cristal ao cair no chão. Acreditavas mesmo que depois de te ver conseguiria não voltar atrás de ti?

Enquanto falava, fui envolvendo-na lentamente com meu braço. Ela apresentou um pouco de resistência no começo, porém essa resistência foi nula quando olhei profundamente em seus olhos. Ao terminar de falar, aproximei meus lábios lentamente dos seus, e senti a respiração dela ofegante. Beijei-a levemente. Com o tempo, os beijos foram aumentando de intensidade. E então, ao final da noite, fizemos amor abençoados pela lua cheia do mês de Julho, a lua cheia mais bonita do ano devido à limpeza do céu nos meses frios. Ao final, perguntei-lhe seu nome, ao passo que ela me respondeu:
- Meu nome é e sempre foi Valentine. Fiquei sabendo de tua busca por mim, porém foste um tolo. Corri para dentro de uma vila onde não residia, e acreditaste.

Retirei minha capa e cobri a nós dois, para passarmos a noite.
Acordei antes do sol raiar, porém ela já não mais se encontrava lá. Ainda podia ouvir seus passos e suas risadas ecoarem pela floresta. Podia ver as marcas de seu corpo na relva úmida da manhã, e a leve brisa de sua saída. Haveria sido outra alucinação causada pela lua cheia? Mas tudo indica que foi tão real...

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